Monday, March 9, 2009

Hein? Você? Fazendo Tricot???

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"Mas você é tão nova..."
"Tricot é coisa de velho..."
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QUEM DISSE????

Onde, quando fizeram disso uma verdade?? Me diz, Me diz!
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Eu já ouvi essas frases que, diga-se de passagem, são ridículas e preconceituosas.

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Primeiramente, eu questiono:

O que é "ser velho"? O que faz alguém ser velho?
É ter idade avançada? É ter cabelos brancos e rugas na pele? É o fato de gostar de coisas como tricot, crochet, costura e afins?
Não sei para você, mas para mim, nada disso faz alguém ser velho.
Eu entendo que a palavra "velho", se direcionado à uma pessoa, significa um estado de espírito.
Tem gente que vive até os 90 anos e é jovem, enquanto existem outros que já nascem velhos e passam assim a vida inteira.
No início, meu namorado se achava velho pra mim, porque ele tem 15 anos a mais do que eu. Pra mim, esses 15 anos a mais interferem em absolutamente nada.
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Mas, voltando...

Porque aqui, no Brasil, surgiu essa idéia de que o tricot é exercido somente por aqueles que tem mais idade, e, pior: pelo motivo de que essas pessoas têm nada mais interessante para fazer?
Pesquisando, você vê que, nos EUA, por exemplo, o tricot é quase que uma "mania". É só olhar no Ravelry, onde a maioria que eu encontro vive lá, ou no Canadá, que é país vizinho...
Porque então esse preconceito aqui? Alguém pode fazer o favor de me explicar?
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Admito que, quando ouço isso, se eu noto que o tom é de brincadeira (apesar de que toda brincadeira tem um fundo de verdade), deixo passar apenas com um sorriso amarelo. Mas muitas vezes eu tive vontade de responder com uma certa hostilidade... Sei lá, coisas do tipo: "Ao menos eu FAÇO alguma coisa". Ou então: "Pois é né, ao contrário de você, nunca paguei caro por um blusão e sempre tem o tamanho e o modelo que eu quero". E ainda: "Velho é você que vive reclamando da vida! Arruma uma coisa pra fazer e vai ser feliz!". Eu até tento segurar... mas depois de um tempo isso se torna difícil.

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Mas, pior que o preconceito, é a vergonha.

SIM.
Tem gente que têm vergonha de dizer que faz tricot, por medo de ser avacalhado por alguém.
Eu conheço gente assim. Acho isso, no mínimo, triste.
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A pouco, achei (e entrei) uma comunidade no orkut com o nome "Sim, eu faço tricô". Na própria descrição já diz algo do tipo: "para quem resolveu assumir que faz tricô..."

É a única comunidade de tricot de brasileiros que eu achei que, tem um número "significativo", digamos assim, de membros. Onde uma meia dúzia é ativa apenas.
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Eu tenho 24 anos, sou jovem (não por idade) e faço sim tricot, com muito orgulho e por puro PRAZER.

Não gosto de rótulos.
Mas, infelizmente, a sociedade nos rotula. A família nos rotula. Os amigos nos rotulam. E, às vezes, nós mesmos nos auto-rotulamos. Por alguma coisa, ou por outra, seremos sempre rotulados.
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Happy Knitting!
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=D
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17 comments:

Márcia Reis Hahn said...

Eu bordo ponto-cruz, sim!!!

E assino embaixo!

tecendo-arte said...

É verdade sempre ouço essa história de que tricô é coisa de velha,mas não ligo pra isso não.Um bjão.

Larissa Amaral said...

Pois é Renata eu tenho 26 anos, e todos os bebês que nascem tem como presente uma peça feita por mim com todo carinho. E quando as mamães recebem, e vêem no tag que fui eu quem fez, dizem nooosa, você que fem, não acredito, vc faz trico? O tom é com um preconceito subentendido, mas eu não ligo, e AMO fazer tricô! E tenho muito orgulho disso!

AVIATION FANPAGE BRASIL said...

Concordo com tudo que você disse. Aqui no Rio, por ser um lugar muito quente, tricô é coisa de extraterrestre. Já ouvi de um amigo algo do tipo: guarda logo isso antes que alguém veja! Ainda bem que os blogs estão mudando esse conceito retrógrado, e esse preconceito idiota. Bjs!

Elaine Carlini said...

Olá. Aprendi a tricotar aos 18 anos. Sempre gostei e sempre senti muito orgulho de saber tricotar. Também senti que há preconceito, já ouvi dizerem "é muito trabalho ficar dias tricotando, melhor ir na loja e comprar pronto", elas não sabem o prazer que é ver uma peça feita por nós.

said...

Se quem fala essas bobagens, sentasse e tentasse tricotar, iria ver como é preciso raciocínio, lucidez, ser matemática!! Porisso que admiro tanto as senhorinhas que tricotam... como são inteligentes! Adoro que me comparem com "velhinhas", eles não sabem o que estão perdendo:))

Anonymous said...

Renata,amei seu texto!!!!!
Não nos esqueçamos de que há muitos homens que fazem tricô para sobreviver e outros, que necessitam dessa terapia,mas nem se atrevem...
Tudo, tudo mesmo, que acumulamos de conhecimento, cultura, "saber fazer" é fundamental para a formação de nossa cidadania. Saber nunca é demais!
O preconceito é enorme em todos os aspectos e a tantas coisas diferentes,não é?
Esta pessoas tacanhas são as responsáveis por vivermos num mundo ainda tão bitolado, enfim elas nos atrapalham.
Parabéns pelo tema!
bjo
Sandra Curia

Márcia said...

Renata, já vi muita gente torcer o nariz quando falo q tricoto mas aí mostro meus trabalhos, os livros que sigo, e essas pessoas mudam na hora de opinião. Uma vez fui passar num endocrino, num consultório bam-bam-bam, aí fui toda de preto, pintei os olhos de preto e estava ouvindo Metallica no último volume porque amo essa banda e estava lá, toda feliz, tricotando um cachecol e detalhe, com as pernonas cruzadas e mascando chicletes. Não sei o que as pessoas pensaram, mas eu estava muito feliz apesar da espera.... rsrsrsrs. Eu vou continuar tricotando até morrer porque eu amo de paixão, com ou sem preconceito. Um beijão!

ELENA said...

Tó nem aiiiiiiiiii!!!!!!!!
com 4 aninhos pegava 2 pregos grandões e um rolo de barbante da loja de ferragens do meu pai ,e lá ia euzinha tentar tricotar num canto , e continuo até hoje ,feliz como sempre !Beijus!

Cecília said...

Oi Renata! Muito bonito e verdadeiro o seu texto.
Infelizmente o preconceito é um sentimento latente em muitas pessoas, e geralmente é acompanhado pela inveja.
Certamente se mais jovens tricotassem, e se dedicassem menos a atividades fúteis, inúteis e prejudiciais, teríamos uma sociedade um pouco melhor.
Você deve sim, ter muito orgulho em tricotar. Você é um exemplo a ser seguido, os seus trabalhos bonitos e bem feitos, demonstram bom gosto e inteligência.
Tricote, use e abuse da sua arte e não fique sem dar uma resposta merecedora a quem lhe perguntar: HEIN? VOCÊ? FAZENDO TRICOT???

Happy Knitting!

BJS

Anonymous said...

êeepa!!!Eu acho q sou a mais nova daqui:14 anos,e,sou uma adolescente normal,e tipo amo fazer tricô???Hello!!!concordo plenamente,q isso ñ passa de preconceito,e,ken têm isso têm mente pequena!!!

Claudia said...

É... infelizmente não tem jeito: o brasileiro é preconceituoso mesmo! e a associação que se faz do trabalho manual (principalmente tricô) com pessoas mais velhas e sozinhas, amarguradas, sempre fez parte do imaginário popular... Triste pra nós; acho que toda tricoteira se incomoda com esse rótulo. Fazer o quê?! continuar tricotando coisas lindas, modernas e maravilhosas pra ver se um dia isso muda!!!! Eu AMO tricotar!!!!
beijos

Judy said...

Ótimo texto!
Acho que vc esta certinha rótulo é para embalagens.
Tem gente que pensa muito pouco (ou quase nada) e sai por aí repetindo chavões, faço ouvidos moucos para este tipo de pessoa.

Ser feliz é o que importa, tricotando, plantando bananeira, ouvindo rock ou como se queira.
O respeito ao outro é a mais pura forma de amor.

Um abraço,

Judy

Marcia Hilleshein said...

Como pode, não?! Mas as pessoas são assim. Já houve dias em que quando tirei o tricô da bolsa as pessoas que estavam a minha volta olharam com estranheza e perguntaram : nossa, você faz tricô? Óbivio que sim! Mas a impressão que deu foi de que elas estavam dando um passo atrás! Mas mesmo com o preconceito essas mesmas pessoas compram as peças que faço, vai entender?
Adorei seu texto.
Bjs

Cris said...

Rsrs eu me divirto muito com a cara que as pessoas fazem quando me veem tricotando em público, como na sala de espera de um médico, por exemplo. Parecem que estão vendo um et! E nem disfarçam, o que é pior!!!

Bjs,

Cris

tiane said...

Oi Renata!
Estou aqui pela primeira vez e essa postagem me chamou atenção.
Ouço isso desde menina.
Não estou nem aí.
Talvez quando eles ficarem sem ter o que fazer e entrarem em uma depressão, talvez lembrem das artes manuais para se segurar.
É uma pena que a grande maioria só dê valor nesses casos.

Olha, quanto a vender suas receitas, eu concordo com você. A Marileny ponto cruz vive disso.
Ela vendia gráficos para várias revistas e hoje tem a sua própria.
O site dela é www.marileny.com.br

Dá um pulo lá e pega o telefone ou e-mail e pede umas dicas pra ela.
Quem sabe aí tenha uma boa fonte de renda. Algumas indústrias tem profissionais fixos para a criação de peças e experimentar novos fios.
Um beijo.
Tiane.

Pablo said...

Falou e disse Renata. Também fico revoltado quando alguém me critica por crochetar! Pra mim, é um pouco pior, pois sou homem e tenho 20 anos. Essa semana comecei também com o tricô, e tenho o maior orgulho de colocar as coisas que faço no meu blog! Já coloquei o seu na minha lista de "inspirações diárias"! ^^ Grande beijo!